Notícia - 16/06/2010 - AIDS e Sexualidade

16/06/2010 - AIDS e Sexualidade

O tema Sexualidade sempre foi um tema muito polêmico e continua sendo um tabu até os dias de hoje. Normalmente, quem encontra maior dificuldade para tratar do assunto não são as crianças ou os adolescentes, mas os adultos, o que torna o processo ainda mais difícil, visto que estes são os principais multiplicadores dos mitos criados em torno do tema.

As maiores dificuldades que se apresentam são: constrangimento; falta de informação; preconceito; a limitação de abordar o tema imposto por algumas religiões e a orientação sexual vista como não saudável, pois estimularia precocemente a sexualidade das crianças. Por causa destes fatores citados anteriormente, as doenças sexualmente transmissíveis - DSTs - se proliferam em todo o mundo, principalmente a AIDS.

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Campanha da UNAIDS - OMS:

Os homens são um grupo vulnerável a AIDS ou são responsáveis pelo aumento do HIV/AIDS? Podemos esperar que os homens mudem seu comportamento para se proteger e proteger seus parceiros do HIV? Uma parcela de homens quer mudar? O que os homens ganham mudando sua forma de lidar com as relações sexuais e de intimidade?

* Em todo o mundo, o comportamento de muitos homens – adultos e adolescentes – os colocam sob o risco do HIV, bem como a seus parceiros (mulheres e homens). A infecção pelo HIV entre mulheres vem aumentando muito mais rapidamente que entre os homens nos mais diferentes lugares, mas em toda a parte do mundo, exceto no Saara africano, o número de homens infectados pelo HIV é maior que o número de mulheres. Os homens jovens são particularmente afetados; uma em cada quatro pessoas com HIV/AIDS no mundo é um homem jovem com menos de 25 anos. Ao final de 1999, havia 17,5 milhões de homens infectados pelo HIV – 10 milhões somente na África.

* Ainda que ser homem, de uma forma geral, traga privilégios, alguns aspectos tradicionais da masculinidade têm altos custos para os homens. Em todas as regiões do mundo, exceto Índia, a expectativa de vida dos homens é menor que a das mulheres. No mundo, a taxa de mortalidade de homens jovens é superior a das mulheres jovens por conta de acidentes de tráfego e violência – ambos decorrentes de uma visão de virilidade que encoraja o assumir riscos ou uso da violência. Ajudar as famílias e os homens a entender o custo que este tipo de virilidade tem, é um importante passo para melhorar a saúde de mulheres e homens.

* Cerca de 70% da transmissão de HIV no mundo é por via sexual entre homens e mulheres. Por conta de que os homens, em média, têm um número maior de parcerias sexuais do que as mulheres – e por que o HIV é mais facilmente transmitido sexualmente do homem para a mulher e de homem para homem que o contrário (de mulher para homem) – um homem infectado pelo HIV (soropositivo) é capaz de infectar um número maior de pessoas que uma mulher soropositiva. Ademais, um em cada dez casos de infecção por HIV no mundo é ocorre por via sexual e transmitido por homens. No Brasil, a taxa atual é de 1 para cada 3. Estima-se que 10% dos casos de transmissão de HIV em todo o mundo seja pelo uso de drogas injetáveis, sendo que 80% destes casos ocorrem com homens. Na maior parte dos contextos, os homens procuram menos ajuda quando têm um problema de saúde do que as mulheres, o que constitui um outro fator que aumenta as chanc es de riso de contrair o HIV. Trabalhar com os homens para mudar suas atitudes e comportamento constitui um tremendo potencial para reduzir o avanço do HIV.

* Mulheres se tornam mais vulneráveis a AIDS por conta do comportamento dos homens. Numa relação sexual vaginal sem proteção – como o tecido vaginal é frágil particularmente em mulheres jovens – um homem soropositivo é duas vezes mais capaz de transmitir o vírus para uma mulher não infectada do que uma mulher soropositiva quando tem relações com um homem não infectado. Mulheres também se tornam mais vulneráveis porque os homens têm um papel predominante em decidir quando e como terão relações sexuais e se usarão ou não o preservativo – e de forma geral, os homens têm um poder maior sobre os mulheres no âmbito econômico, doméstico e de intimidade.

* Os homens na família e como pais. A maioria das pessoas com AIDS estão entre 20-45 anos, quando estão na fase de trabalhar. Enquanto mulheres de mesma faixa etária também estão infectadas pela AIDS, o número de homens infectados significa milhões de mulheres e crianças sem suporte financeiros por parte destes homens. É claro que prover financeiramente para a sua família não é a única coisa que o homem faz, mas ainda é uma função vital para o sustento de suas famílias e de importante significado para as vidas dos homens.

* Pesquisa realizada pelo Instituto PROMUNDO e estimativas do Ministério da Saúde apontam que aproximadamente 30.000 crianças no Brasil perderam um ou os dois pais por conta da AIDS. Enquanto a AIDS afeta cada vez mais casais heterossexuais, mais famílias com crianças estão vivendo com AIDS. Embora a atenção a crianças afetadas pela AIDS venha sendo feita em relação às mães, há que se pensar no papel dos pais. Na maior parte dos casos, o HIV entra na família pela transmissão do pai para a mãe e da mãe para o filho. Trabalhar com homens para pensar o significado da paternidade pode se constituir numa forma de encorajar um comportamento sexual mais seguro. Em alguns lugares, ONGs começaram grupos de discussão com pais. Em Recife, uma ONG chamada PAPAI (Programa de Apoio para o Pai Adolescente) provê informações para jovens pais, assistindo-os em suas necessidades pessoais, aconselhamento de casal e chama ndo a atenção para a questão das mães e pais adolescentes no sistema público de saúde. Igualmente, em Uganda e outros países da África, grupos de discussão começaram a ser feitos com pais soropositivos.

Pesquisas e experiências de programas desenvolvendo sugerem que a chave para redução da transmissão do HIV entre homens e mulheres está em promover uma maior negociação e eqüidade nas relações entre homens e mulheres e entre os próprios homens. A negociação da prática de sexo seguro é mais comum quando há maior comunicação entre os parceiros sexuais.

Fonte: Gary Barker é diretor do Instituto PROMUNDO

 
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